Formada no Le Cordon Bleu de Paris, chef sempre teve vocação para ensinar
Uma das chefs mais queridas pelos amantes da culinária no Brasil, a chef Renata Braune é responsável pela cozinha de Preparo e Produção do Instituto de Artes Culinárias de São Paulo - o primeiro do País. Qualificações para assumir tal posição não faltam. Formada em Pedagogia, Renata começou a sua carreira como professora, mas em um determinado momento decidiu aliar o prazer de cozinhar com uma nova profissão. Foi assim que, há exatos 28 anos, a chef arrumou as malas para cursar o Diplôme de Cuisine no Le Cordon Bleu de Paris: “não queria ser apenas mais uma amadora”, diz.
Renata construiu uma trajetória de sucesso inegável. Ainda em Paris, estagiou no Le Cordon Bleu e passou pelo Apicius e pela pâtisserie Fauchon. No Brasil, conquistou grande reconhecimento pelo trabalho que realizou no Chef Rouge, onde trabalhou por 17 anos. Depois, investiu no seu próprio negócio e abriu o restaurante La Reina (“a rainha”, em espanhol). Renata foi uma das primeiras mulheres a atuar como chef no Brasil e a primeira chef mulher a competir no Toque d'or, que seleciona candidatos brasileiros para o Bocuse d'or. Agora, volta a sua origem como professora, no Le Cordon Bleu de São Paulo.
“Há muitos anos, desejo direcionar minha carreira para esta função como educadora. Eu planejei estar aqui. É verdade que esperava que fosse antes, mas só agora estou onde sempre quis estar. Meus 28 anos de profissão foram maravilhosos, pude acumular muita experiência, mas meu desejo maior sempre foi o de formar pessoas, ensinar. Neste momento, temos muitos desafios, pois implantar uma escola como o Le Cordon Bleu traz muita responsabilidade, mas estou determinada e com desejo de investir neste projeto”, afirma.
Cozinhando no Le Cordon Bleu Paris O primeiro passo de sua carreira foi buscar uma formação profissional, mas este tipo de treinamento não era muito comum no Brasil. Segundo Renata, naquela época, com exceção dos chefs estrangeiros, poucas pessoas que atuavam em gastronomia tinham estudado em escolas profissionalizantes.
“Estava decidida a aprender a cozinha francesa e a ser fiel a ela. Desde que cheguei em Paris, me dediquei muito a estudar e a trabalhar para me destacar na escola. O clima era maravilhoso, gente do mundo inteiro só pensando e se dedicando a conhecer melhor a cultura e a cozinha francesa. Cada um do seu jeito, meus chefs foram me influenciando positivamente e me dando experiências de vida que trago até hoje comigo. Sou capaz de lembrar de detalhes de aula do Chef Patrick Terrien, que era meu predileto, ou do Chef Boucheret que era muito diferente, mas querido e atencioso sempre com todos. Posso dizer que foram os melhores momentos de minha vida”, lembra.
Para Renata, o Le Cordon Bleu tem dois diferenciais: a fidelidade à cozinha tradicional francesa, como base da formação do cozinheiro, e o acolhimento que os chefs do instituto dão ao seu aluno, o que ajuda na formação e faz com que o aprendiz se sinta seguro e tranquilo para investir na sua prática e aprimoramento.
“Temos muito aprendizado em todos os sentidos, é uma experiência que me vem à mente e ao coração em todos os momentos importantes da minha vida. Na escola fiz amigos que tenho notícias até hoje, com quem criei laços eternos”, destaca.
Uma dessas grandes amigas é a a chef Flávia Quaresma, que estudou com Renata em Paris. “Ela se tornou uma grande amiga, a quem eu respeito muito e admiro, e torço sempre por seus projetos e conquistas. Nós passamos uma fase muito boa e inesquecível juntas em Paris.”
Como aluna, a chef lembra que um dos momentos mais marcantes foi o aprendizado sobre a evolução do paladar, ao perceber as nuances de molhos ou provar um prato de outro aluno. “Essa evolucao é muito importante e muito clara no dia a dia”, diz.
Renata Braune no Le Cordon Bleu São Paulo ao lado do diretor técnico, chef Patrick Martin
Receita preferida? Para a chef, esta é uma pergunta muito difícil para responder, já que o paladar pode mudar a cada dia, mas assume que é fã de molhos e que adora preparar Bisque de Camarões, uma receita que exige muita paciência e cuidado para ser preparada.
Le Cordon Bleu e o mercado de gastronomia no Brasil Com a abertura do Instituto Le Cordon Bleu em São Paulo, Renata espera que a formação no Brasil se torne mais focada e direcionada e que se perceba que só através das técnicas e do domínio delas é que se forma um bom profissional. A chef deixa sua mensagem aos novos alunos que estão chegando ao Le Cordon Bleu Brasil.
“Primeiramente sempre dou parabéns aos alunos, pois escolher estar no Le Cordon Bleu é um privilégio e uma honra , mas além disso digo o quanto estudar, se dedicar e se aprofundar nos ensinamentos da escola podem ser fundamentais para seu crescimento, tanto como pessoa, como profissional. Não importa o que cada aluno tenha como objetivo, aqui o nosso foco é formar as habilidades culinárias com competência”, afirma.